sábado, 31 de maio de 2014

That's what JAZZ is all about!

Paraty, no Rio de Janeiro, a capital brasileira do jazz


A chegada de um final de semana cinzento e chuvoso, pós-céu-azul-escarlate, anuncia que o inverno vem vindo, chegando de mansinho, trazendo a trilha sonora perfeita na bagagem: um jazz na vitrola, enquanto se completa aquela taça de vinho, com o fogo da lareira ao fundo, serpenteando. E por causa dessa imagem na minha cabeça, se algum dia me pedissem para criar um roteiro de viagem, eu esqueceria "Itália Romântica" ou "Artística", "Índia Espiritual", "Espanha Flamenca". Sem dúvidas, eu quebraria a banca de uma vez por todas: pegaria minha mochila e sairia rumo aos melhores festivais de jazz do mundo! E foi pensando nessa trip, que elaborei o roteiro de viagem musical no #Wanderlust #8, que foi ao ar na última quinta-feira na On The Rocks.

Preservation Jazz Band, no Bourbon Festival Paraty, no último final de semana

Iniciei o programa partindo de uma cidade histórica linda e extremamente cultural: Paraty, no Rio de Janeiro. Todos os anos acontece o Bourbon Festival, que chegou agora a sua 6ª edição. O festival sempre começa na sexta-feira e encerra no domingo. Os shows, além de acontecerem em dois palcos, circulam também pelas esquinas. Sendo assim, a qualquer momento, você pode cruzar com um show numa daquelas ruazinhas antigas, de forma acústica e bem informal. Uma das grandes atrações esse ano foi a mais antiga banda de jazz do mundo, a Preservation Hall Jazz Band, de New Orleans e há 150 anos em atividade:



Preservation Hall Jazz Bande - Tailgate Ramble




O mestre Hermeto Pascoal foi quem abriu os trabalhos na sexta-feira do Bourbon Festival. O compositor, arranjador e multi-instrumentista brasileiro é nome cativo nos maiores e mais conceituados festivais mundo a fora:


Hermeto Pascoal e Aline Morena - Depois do Baile ou Circo Voador



Curiosidades a parte, ao lado da cantora americana de jazz, Patti Austin, estava o guitarrista gaúcho Sandro Albert, um jazzista natural de Porto Alegre, autodidata e que com cara e coragem, se mudou para os Estados Unidos para dar início a carreira. Tanta determinação que foi tocar com War, Earth, Wind & Fire e agora com uma das grandes damas do jazz.


Patti Austin & Take 6 - How high the moon



Sandro Albert - Soul People



Outra banda que esteve no Bourbon Festival e passeou pelas ruas de Paraty foi Mustache e Os Apaches, que nasceu da excentricidade de músicos, que amam circo, artes plásticas, cinema e literatura. A banda é formada pelos gaúchos: Pedro Pastoriz (Voz, Violão e Banjo), Tomás Oliveira(Contrabaixo e voz), Axel Flag (Voz e percussão), Jack Rubens (Bandolim), e por Lumineiro, de Belo Horizonte, que toca o original Washboard, uma antiga tábua de lavar roupa. Eles se inspiram em Jug Bands norte- americanas ( aquelas que criam os próprios instrumentos com utensílios domésticos) e no Circo Vaudeville, ou seja, espetáculo burlesco:

 Mustache e Os Apaches - Twang



Saindo de Paraty, aterrissei no line-up do Java Jazz Festival, que aconteceu no final de fevereiro, início de março,  na Indonésia, e descobri a dupla de guitar heroes, Dewa Budjana & Tohpati, ambos colaboradores com muitos artistas locais e que tem como influências Pat Metheny, Jeff Beck, Chick Corea:


Dewa Budjana & Tohpati - Dan



Da Indonésia, fui até o Copenhage Jazz Festival,  na Dinamarca, que acontece de 4 a 13 de julho. Entre as atrações, uma voz peculiar: a da cantora espanhola, nascida em Mallorca, Buika, nominada em 2008 no Grammy Latino, como Álbum do ano. Porém, minha viagem continua até Sarajevo!


Buika - No habrá nadie en el mundo



A maior cidade da Bósnia Herzegovina também tem um festival bacana e super reconhecido,o  Jazz Festival Sarajevo, que acontecerá de 4 a 9 de novembro. Uma das grandes atrações é o músico, compositor e arranjador, professor de trompete franco libanês Ibrahim Maalouf:



Ibrahim Maalouf - Obsession




Pegando o avião rumo ao Ocidente, não preciso nem dizer que nesse quesito, os norte-americanos nos oferecem um banquete musical jazzístico, de deixar qualquer amante do gênero de boca aberta, babando, pedindo repeteco. Por isso muito me agradaria ir nas próximas semana para São Francisco, na Califórnia, ficar na turma do gargarejo no San Francisco Jazz Festival e ouvir a dupla Magos Y Limón, projeto da cantora mexicana Magos Herrera e do madrilenho Javier Limón:


Magos Y Limón - Dawn




Mas para fechar a "mochilada jazzística", perfeito mesmo é acabar a viagem em dois berços da música: Chicago (em agosto) e Montreal, no Canadá, respectivamente. Fora as line ups recheadas de grandes nomes, o que me surpreendeu foram dois artistas novatos, que impressionam não apenas pelo talento, mas pela potência e capacidade em passar a própria alma naquilo que fazem. Falo da cantora, que parece ter saído dos grandes redutos de jazz dos anos 30 e 40, Cecile McLorin Salvant e do compositor e cantor inglês Benjamin Clementine. Apenas veja, ouça e tire suas próprias conclusões.


Vale ou não vale a pena, uma trip musical dessas? Acaba de entrar para a lista de coisas para fazer antes de partir dessa para uma melhor:

Cecile McLorin Salvant - If This Isn't Love




Benjamin Clementine - Conerstone

Nenhum comentário:

Postar um comentário