quinta-feira, 10 de abril de 2014

De volta, e em casa!


Sugestão de som para a leitura das próximas linhas: Take the long way home, do Supertramp.

Porto Alegre, a casa, mesmo que passageira.

Jardim Lutzenberger, Casa de Cultura Mário Quintana
Sou daquelas que precisa da "Dona Inspiração" para quaisquer movimentos. E essa tal, há alguns meses, me abandonou por diferentes razões. Mesmo vivendo diariamente experiências diversas e interessantes em um outro país, algumas situações do cotidiano ocuparam um lugar mais importante naquele momento, do que as descobertas e novidades. Senti tristeza, saudade. Foram dúvidas, medos, ansiedade. Solidão. As preocupações de quem está numa terra estrangeira nunca nos deixam. Até poderia ter compartilhado os obstáculos, porém há vida - ainda bem! - fora das redes sociais, e não há coisa melhor do que o silêncio, debaixo de cobertas e com um livro. Foi assim que abri essa lacuna no blog, mas que hoje, ela se fecha.

Xangri-lá, litoral gaúcho ao entardecer.


Ainda que, de modo não definitivo, a possibilidade de voltar para casa não foi um desses motivos que me fez parar de escrever. Ao contrário! Em março, olhei Porto Alegre pela janela do avião com olhos de quem chega numa nova cidade, esperando para ser desbravada, com esperança. Numa primeira oportunidade, instintivamente, perambulei pelas ruas do centro da Capital. De uma forma natural, me levei pelas paisagens, que não perdem em nada para ares de Paris, Viena ou Munique. Elas são, sim, ainda mais especiais, por carregarem nos seus cantos, a minha história. E mesmo que não tivessem o meu a passado a favor, não há como negar tamanha beleza das árvores da Praça da Alfândega, da torre com relógio do Memorial do Rio Grande do Sul, a beleza do antigo Hotel Majestic, num quase rosa, contrastando com o céu azul, sem nuvens e a orla do Guaíba, com a minha gente transitando. Escutei grandes artistas, músicos de rua, com tamanha simplicidade e brutal virtuosismo no jazz, na Esquina Democrática. As cores das bancas do próprio Mercado Público e os seus cheiros de frutas, de temperos, de bacalhau!


Família Brand, um carinho sempre comigo, em Munique
Saudosismo de quem já estava um ano fora? Em parte. No entanto, só se entende o melhor e o pior do nosso lugar, quando permitimos nos distanciar, mesmo que não seja em um outro continente. Apenas sair, se dar um tempo, observar do lado de fora, o que temos, como somos e para onde queremos ir. A cada retorno, eu me dou conta que o céu azul e o relógio da torre do Memorial sempre foram os mesmos. Eu fui a mudança. E chego em casa com a mochila reabastecida de ideias e com uma foto clara do meu país, de tudo o que ele tem de belo, mas também de ruim. E esse retrato, eu só o construí por causa de novos amigos, estrangeiros e brasileiros - aos quais sou eternamente grata à vida por ter os encontrado - e por causa de novas paisagens, ao me lançar ao desafio. 


Por ter vontade de continuar a dividir histórias, mas principalmente por querer ouvir as de outras pessoas, é que, além desse blog, compartilharei a partir desta quinta-feira, às 20h, todas as peripécias e músicas que descobri nas minhas idas e vindas por aí, na On The Rocks. Sabe aquela rádio online, com sons que se sonha escutar dentro de um trem, em casa, ou dirigindo rumo à praia? Isso, ela existe! Hoje à noite, a minha rota de viagem será: Brasil - Portugal - Alemanha. Vamos ouvir o melhor da música alemã, incluindo trabalhos incríveis de amigos que Munique me deu. Para os que já quiserem ouvir em primeira mão os sons de logo mais, já está no ar o tracklisting

Se não clicou no link On The Rocks aí em cima, clica aqui para ouvir a rádio e o programa:  http://ontherockswebradio.com/


Marienplatz, o cartão postal no coração de Munique
Numa noite linda, eu passo pela Marienplatz, a principal praça da cidade e me deparo com o Konnexion Balkon, tocando embaixo de uma marquise. Músicos virtuosos de diferentes partes do mundo, que dedicaram suas vidas a estudar em conservatórios e hoje impressionam a todos pelas ruas da cidade. Tocarei o Le Café Bleu Internacional, um power trio instrumental, que tem na bateria meu amigo Jay Lateef e há pouco assinou com o selo Enja Records, o primeiro disco em homenagem a obra de Edith Piaf. Ainda, o baixista brasileiro e professor de música na Universidade de Munique, Paulo Cardoso e o rock contagiante do The Stories, que tem no vocal o meu amigo Vincent Jetset.


Histórias, aventuras e a vontade de se jogar no mundo, seja por 15 dias ou mais de um ano, todos temos. Minha mochila chegou em Porto Alegre reabastecida de coisas para contar. Hora de esvaziá-la para poder enchê-la novamente com novas histórias! Enquanto isso continuarei a me mover e a trazer minha inspiração de volta. Isso é sinal de que há sempre fé na vida aventureira. 

Continuemos na estrada.

           

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