terça-feira, 23 de abril de 2013

A arte de educar




As histórias de vida mais interessantes sempre são ouvidas sem querer e quando a gente menos espera, não é? Em razão de um resfriado minha professora hoje, não deu aula. Sendo assim, ela foi substituída por Monica Hoch, uma professora de 64 anos, daquelas que você não quer que pare de contar suas experiências!Por ser uma apaixonada por línguas, se descobriu na profissão de educadora há uns 20 anos. Morou na Índia, adora a Itália, lembra com saudade de amigas queridas de Curitiba e Blumenau e por isso, deseja em breve conhecer o Brasil, principalmente a Bahia.

Aprofundamos não somente nos pronomes reflexivos, mas também escutamos com atenção a grande reflexão, traçando um paralelo entre o modo alemão de viver a vida e os países da América do Sul, África e a própria Índia. Monica nos contou sobre os perrengues de dar aula em três instituições diferentes para a renda ser suficiente, e poder morar numa cidade cara como Munique, uma vez que aqui o professor é como um profissional autônomo, tendo contratos por alguns períodos. Ficar doente é algo impossível, pois ao ser substituído, ainda que por um dia, corre-se o risco de perder o emprego ao retornar. Juro que vi minha mãe e tia, que são professoras de História, contando e queixando-se das mesmas situações falhas na educação no Brasil. Aqui, Monica conta que já foi abordada várias vezes com a pergunta: "Você vai dar aula até quando"? A sua resposta é sempre a mesma: "Até quando eu tiver forças e vida para entrar em sala de aula"!

E o amor pelo que faz se retrata em um projeto no qual faz parte, chamado Mama lernt Deutsch (Mamãe aprende Alemão). Monica educa mães que, por diferentes razões, estão na Alemanha, muitas do Afeganistão e países que sofrem com guerras (uma delas, por exemplo, fugiu para cá com seus nove filhos). Como o marido precisa trabalhar, elas por sua vez, cuidam da casa e das crianças, que frequentam a escola. Consequentemente, só em casa, elas não aprendem a ler e a escrever (quando trabalhei como babá, conheci uma família de Kosovo, que morava há 20 anos na Alemanha e as mulheres falavam muito mal alemão, apenas albanês, pois não saiam de casa). Sendo assim, Mama lernt Deutsch é uma oportunidade de devolver autonomia, melhorar autoestima e tornar essas mulheres mais felizes, pelo simples fato de poderem ajudar seus filhos com o tema de casa!

Gostei tanto de tudo isso, que na sexta-feira vou até a escola onde Monica trabalha para conhecer essa mães de perto. Prometo contar tudo aqui!



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